De acordo com a Unesco, em 2050, cerca de cinco bilhões de pessoas estarão vivendo com pouco acesso à água
A falta de água já é uma realidade em diversas partes do mundo. Segundo dados do governo brasileiro, cerca de 900 municípios do país estão em situação de seca. Grandes centros também enfrentam o problema, como é o caso de Brasília (DF), onde a população convive com racionamento. A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) aponta que uma das saídas para a crise hídrica é o investimento em tecnologias para tornar as cidades inteligentes. “Um passo importante para evitar o desperdício é, sem dúvida, tornar nossas cidades inteligentes. Apenas com a ajuda da tecnologia, já é possível garantir uma economia de pelo menos 30% a 40% de água”, afirma Guto Ferreira, presidente da ABDI. “O apontamento da Unesco é extremamente grave. A solução depende de cada um. Existem tecnologias como hidrômetros inteligentes, sensores em tubulações com monitoramento em tempo real, por exemplo, que ajudam a evitar o desperdício”, afirma Ferreira.
Consumo de água
Em uma cidade com um milhão de habitantes o consumo total médio em um ano é de seis milhões de metros cúbicos de água. Com uma economia de 30%, seriam poupados 1,8 milhão de litros de água. “Essa quantidade poderia abastecer uma cidade como a capital do Espírito Santo por praticamente um ano inteiro”, estima o presidente da ABDI. “A questão primordial é tornar as cidades brasileiras inteligentes do ponto de vista da água, do saneamento básico, da gestão dos resíduos sólidos e também quanto à eficiência energética. Sem isso, aliado à conscientização de cada um, não há saída”, diz Ferreira.
Tecnologias
A ABDI, em conjunto com o Inmetro, criou um ambiente para testar tecnologias que vão possibilitar tornar as cidades brasileiras mais inteligentes. No projeto, foi definida, dentre outras, a instalação de um cenário específico, voltado para o abastecimento e para a drenagem de águas pluviais. Os testes serão feitos no campus do Inmetro, em Xerém (RJ), onde vai funcionar a minicidade. As soluções testadas ficarão disponíveis para a adoção pelas gestões municipais.
Luis Carlos Rosa, integrante de uma das startups que pretende instalar a tecnologia em Xerém, aponta que soluções tecnológicas conseguem regularizar o consumo de água. “Colocamos um sensor na rede de água e coletamos os dados de consumo. Essas informações são enviadas para a nuvem. Uma plataforma com inteligência artificial avisa o consumidor ou o gestor público quando o gasto sai do normal”. Outra funcionalidade da iniciativa alerta sobre eventuais vazamentos. “Estimamos que só o ato de individualizar o consumo já reduz o gasto em até 40%”, diz Rosa.
Artigo original do site SF Agro